sábado, 16 de maio de 2020

Não tenho mais filhos, tenho stakeholders. E agora?

Há algum tempo publiquei um texto sobre a nova realidade do Home Office. Como o assunto é inesgotável, aqui vai o segundo de uma série que pode ser bem grande.
A mudança irreversível para o home Office traz embutida uma questão na qual pouca gente prestou atenção até agora; você não vai mais ao trabalho, o trabalho invadiu sua casa. E toda aquela organização que você tinha no seu trabalho, terá que ter em casa. E aí é que o bicho pega.
Pode ser mera má vontade minha, mas vejo uma característica em muitos pais da atual geração que sempre me preocupou; é a história do “eu me mato trabalhando prá dar tudo para os meus filhos”. A frase é até interessante mas, muitas vezes, significa; “eu me mato no trabalho prá ganhar dinheiro suficiente para pagar escola, inglês, judô, fonoaudióloga, enfim tudo para não ter que educar meus filhos”. Porque educar significa, muitas vezes, confrontar, enfrentar o conflito. E isto eu não quero fazer em casa, porque chego morto de cansado.
Posso estar até sendo injusto, e peço, desde já, desculpas por isto. Mas o que mais vejo hoje são pais que se cedem totalmente a qualquer pressão dos pequenos ditadores. E preferem brigar com os professores do que ter que explicar para os filhotes que eles estão errados. O resultado final disto é uma sociedade mal educada, grosseira, e incapaz de negociar.
É claro que tudo isto foi colocado de forma propositalmente simplificada, mas não deixa de ser verdadeiro. Citando o velho e bom Raul Seixas, se alguém me provar que estou mentindo, eu tiro o meu chapéu.
Só que agora... papai, mamãe e filhotes vão ter que aprender a conviver. Porque a casa virou escritório e sala de aula, e todo mundo vai ter que ter seu momento de privacidade. Mais; horários de refeições e até o uso de banheiros terão que ser negociados. Tudo aquilo que papai e mamãe viram em cursos de relações humanas, mas nunca ligaram muito, terá que ser exercido dentro de casa. Com stakeholders implacáveis.
O que vai sair disto? Otimista que sou, acredito que teremos mais diálogo, otimização do trabalho e, principalmente, melhor formação de cidadãos, dentro e fora de casa. Mas vai ser complicado...

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Ideias para o pós-pandemia - parte 1

Independente do que aconteça com o Presidente da República (impeachment ou seja o que for), o Brasil sairá da pandemia arrasado financeiramente e dividido politicamente. E, acima de tudo, precisando de projetos urgentes para reativar a economia,
Abro aqui um debate sobre o assunto, colocando, desde já, alguns projetos e mudanças que, na minha visão, podem ser bem interessantes.
O primeiro seria o da legalização dos cassinos e jogos.
Parece incrível, mas dos 193 países membros da ONU, apenas 37 proibem jogos de azar. E o Brasil é um deles. Na América Latina são apenas dois; Brasil e Cuba (sem comentários). A lei é de 1946, assinada pelo então Presidente Eurico Gaspar Dutra. Diz a lenda que por pressão da primeira dama, Dona Carmela Dutra que, por sua religiosidade fervorosa, era chamada “Dona Santinha”. A proibição encerrou as atividades de pelo menos dois locais famosos no Brasil todo; o Cassino da Urca e o Quitandinha, em Petrópolis.
Boa parte do potencial turístico do Brasil é desperdiçado pela proibição aos cassinos. A paixão pelo jogo move milhões de pessoas no mundo todo. É claro que existem os viciados, que destroem seu patrimônio em uma noitada, mas esta pequena parcela também existe com relação ao álcool, por exemplo. E, até onde sei, ninguém está pensando em fechar nossas fábricas de cerveja ou vinícolas.
Há estimativas de que o jogo poderia movimentar algo entre 10 e 20 bilhões de dólares anuais no Brasil, e gerar cerca de 100 mil empregos diretos. Antes que alguém questione estes números, vale dizer que a Meca universal do jogo, a cidade de Las Vegas, sozinha, recebeu 29,8 bilhões de dólares de turistas estrangeiros em 2018. E já que falamos em Meca, até mesmo entre os ultra-conservadores países muçulmanos há os que têm jogo legalizado.
Só precisa uma canetada. E pode funcionar muito bem.
No próximo artigo, traremos uma nova idéia. Até lá!