sexta-feira, 27 de julho de 2018

Neymar tem que tomar uma decisão na vida

Da série “um homem de moral, não fica no chão...”;
2018 não foi exatamente um ano de sonhos para o nosso craque Neymar. Contratado para ser o craque do PSG acabou tendo um desempenho irregular ao longo do ano, depois sofreu uma lesão séria e, na Copa do Mundo, sua imagem ficou marcada muito mais pelas simulações do que por grandes jogadas. E acabou não arrumando vaga nem entre os dez indicados para o prêmio de melhor jogador do ano. Dizem as más línguas que o único prêmio que ele poderia cobiçar atualmente seria o “Troféu Cigano Igor”, de pior ator do mundo (no caso ele e a Bruna Marquesini poderiam concorrer na categoria dupla mista, com boas possibilidades).
Acho que chegou para Neymar o momento de decisão na vida e na carreira; ou ele resolve manter o comportamento de adolescente mimado e vai ser apenas mais uma promessa de supercraque que não vingou, ou encara uma virada firme e vira um profissional de verdade, que será um sério candidato a melhor jogador de sua geração, porque bola prá isto ele tem.
Um bom exemplo para ele pode ser o Cristiano Ronaldo. Na Copa de 2006 o então jovem e promissor português saiu com a fama de cai-cai, desleal e arrogante. CR7 aprendeu a lição e hoje já tem seu nome gravado em letras de ouro na historia do futebol, um craque e um líder digno de ser citado junto a Pelé, Maradona e mais uns poucos em qualquer lista de melhores de todos os tempos.
Espero, sinceramente, que Neymar faça a opção certa. Seria bom prá ele e para nós, torcedores brasileiros.
Quem viver, verá.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Zico, Modric e os deuses do futebol; dois craques, duas histórias diferentes

Não sei se muita gente reparou nisto, mas nesta Copa tivemos uma história envolvendo um extraordinário camisa 10 que repetiu, com um final diferente, um episódio de 32 anos atrás.
México, 1986, quartas de final, Brasil x França. Jogo empatado, e de repente Zico enfia uma bola genial para Branco que vai marcar mas é derrubado pelo goleiro. Zico bate o pênalti... e perde. O empate sobrevive à prorrogação e o jogo vai para os pênaltis. Corajoso, como deve ser um líder de verdade, Zico não se deixa abater pelo erro cometido, se oferece para chutar e converte com perfeição. Infelizmente Sócrates e Júlio Cesar perdem suas cobranças, o Brasil é derrotado, volta prá casa e Zico carrega por muito tempo a marca (injusta) de responsável pela eliminação em sua última copa como jogador.
Rússia, 2018, oitavas de final, Croácia x Dinamarca. A prorrogação está quase em seu final quando o craque Modric descola um lançamento preciso para Rebic, que passa pelo goleiro mas é derrubado diante do gol vazio. Capitão e craque do time, Modric bota a bola embaixo do braço, vai para a marca e... bate ridiculamente mal, proporcionando uma defesa firme do goleirão Schmeichel. Decepcionados, os croatas vão para a decisão por pênaltis. Tão líder e craque quanto o Zico de 86, Modric encara o desafio e converte a sua cobrança. Só que, por capricho dos deuses do futebol, o goleiro Subasic pega três chutes dinamarqueses, a Croácia ganha, vai em frente e chega a um surpreendente vice-campeonato. De quebra, Modric é coroado (com justiça) o craque da Copa.
O que isto prova? Rigorosamente nada, apenas que o futebol é fascinante justamente por envolver elementos de imprevisibilidade que só podem ser atribuídos a deuses caprichosos e apaixonados. Zico, o castigado, era um líder acostumado a levar à vitória um time do Flamengo que até os não-flamenguistas, como é o meu caso, lembram com saudades (eu sou do tempo em que, acima da torcida pelo meu clube, estava o amor pela arte do futebol. E aquele Flamengo era fantástico). Os deuses do futebol não concederam a ele e sua grande geração, que incluía Falcão, Sócrates, Éder e o técnico Telê, entre outros, sequer a honra de uma final de Copa do Mundo. Já Modric, o escolhido da vez, está acostumado a fazer um trabalho de operário em um time onde os galácticos são Cristiano Ronaldo, Sérgio Ramos, Kroos e outros. Mas mostrou grandeza e força quando precisou liderar seus irredutíveis companheiros em uma jornada gloriosa. Talvez isto tenha agradado aos deuses.
A lição aprendida é; a liderança tem várias faces e, muitas vezes, aquele baixinho com cara de fuinha, que não cobre o corpo de tatuagens nem ostenta penteados esdrúxulos, não produz lances cinematográficos mas joga com simplicidade e eficiência, pode se mostrar o maior de todos os guerreiros, quando é necessário.
Quanto aos deuses do futebol... bem, eles têm suas próprias regras. Talvez achassem que Zico já tinha ganho muito. E que o mundo precisava conhecer melhor o talento de Modric.