segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FUTEBOL SE GANHA NO CAMPO. E O CAMPO TEM QUE SER BOM

Muito se fala sobre as diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu – salários, organização, etc... Tenho um ponto de vista claro sobre o assunto; embora ainda exista um abismo entre estes dois mundos, o fato é que, a partir do momento em que o nosso futebol atingiu um patamar mínimo de organização (campeonato de pontos corridos, respeito às regras de acesso e descenso, calendários planejados e divulgados com antecedência) a situação dos nossos clubes melhorou muito. É claro que ainda estamos longe do ideal (muito por conta de um passivo monumental de dívidas, herdado de anos e anos de bagunça), mas não há dúvida que, hoje, clubes como o Internacional, São Paulo, Cruzeiro e outros já podem encarar de frente as propostas bilionárias dos europeus e manter algumas de suas grandes estrelas (o Santos acabou de provar isto, ao vencer uma queda de braço com o poderoso Chelsea, da Inglaterra, pelo craque Neymar). Mas o assunto que eu gostaria de abordar agora é outro, dentro do mesmo tema; se queremos manter os nossos melhores craques por aqui, temos que dar a eles, além de dinheiro, condições de trabalho. E um bom campo para jogar é a primeira condição. Neste ponto, ainda temos um espaço muito grande de melhoria.
Observem os jogos de qualquer campeonato europeu (hoje passam muitos na TV por assinatura), e verão que qualquer timeco recém promovido da segunda divisão da Rússia, Portugal ou Holanda possui um gramado em excelentes condições (nem vou falar nas grandes ligas da Inglaterra ou Alemanha, porque é covardia). Enquanto isto, por aqui, temos verdadeiros pastos, onde dá para fazer qualquer coisa, menos jogar futebol no nível que uma competição profissional exige.
Só para ficar em dois exemplos do fim-de-semana, o gramado(?) do Engenhão tirou pelo menos um gol do Botafogo (com Loco Abreu) e o do Brinco de Ouro tirou um do Fluminense (com Conca). Nas duas jogadas, a bola sobrou limpa na área e eles isolaram; uma observação mais cuidadosa do lance, em câmera lenta, mostra claramente que os dois jogadores foram traídos pela trajetória sempre imprevisível da bola em campos tão ruins. Fiquei até com pena de ver o Deco, depois de anos jogando em gramados “de golfe”, sendo obrigado a arriscar seus tornozelos milionários num campo esburacado daqueles.
Sinceramente, não consigo acreditar que as condições climáticas do Brasil sejam tão ruins que não permitam a boa conservação dos gramados. E só questão de trabalhar para isto. Afinal, existem também campos excelentes; Beira-Rio, Olímpico, Vila Belmiro, Morumbi... será que é tão difícil?
Por enquanto, acho que uma proposta interessante seria criar um critério pelo qual o time que não apresentasse um campo com o mínimo de condições para um bom jogo de bola fosse punido com a perda de seis pontos e alguns mandos de campo. Poderia ser nomeada uma comissão de ex-jogadores (para evitar pressões dos cartolas), que faria uma vistoria em cada campo, de preferência alguns meses antes do início do campeonato, para dar tempo ao clube de ajeitar as coisas, caso houvesse algum problema.
É uma sugestão simples, mas acho que funcionaria. E nos pouparia do terrível espetáculo de furadas e bolas isoladas (e até contusões) causadas pela má qualidade dos gramados. É claro que alguns jogadores continuariam furando e isolando a bola, mas aí poderíamos dizer que é por ruindade, mesmo. Só que, quando o gramado é muito ruim, até o Neymar chuta de canela e perde gol feito.