sábado, 28 de novembro de 2015

Quando as instituições não funcionam...

Mais uma da longa série “tentando entender o Brasil”;
Notícia do Globo de hoje, sobre um suposto estupro no alojamento da UFRJ (ver; http://">http://oglobo.globo.com/rio/policia-apura-denuncia-de-estupro-dentro-de-alojamento-da-ufrj-18162106), acabou despertando minha atenção por outro motivo.
Ocorre que o suposto estuprador é o mesmo cara que, em abril/2013, causou um sério acidente (com mortes) na Av. Brasil. Detalhe; ele não estava dirigindo. Ele era o passageiro de um ônibus, que não parou no ponto que ele queria (justamente na Cidade Universitária). Indignado, Rodrigo (este é o nome do cidadão) agrediu o motorista do ônibus com um chute, o motorista perdeu o controle do veículo que caiu de cima de uma passarela, causando a morte de alguns passageiros.
Na mesma notícia li que Rodrigo (descrito por colegas e professores como bom aluno e bem-humorado) já tinha dois processos anteriores por agressão. No meu diagnóstico de leigo, um típico caso de dupla personalidade.
A pergunta é; como um sujeito com um histórico destes continua circulando livremente pelas ruas? Não sei se ele é culpado do estupro, mas depois de ter aprontado até casos com morte de inocentes, o cara continua por aí para fazer mais merda? Não levou nem cartão amarelo?
Em represália ao suposto estupro, colegas dele queimaram a cama onde Rodrigo dormia. É o tipo da reação que não serve prá nada, afinal a instituição é pública e quem vai pagar pela nova cama somos nós mesmos, mas mostra apenas que, quando as instituições não funcionam, as pessoas tomam a justiça nas próprias mãos. E vão fazer merda, também.
Uma pequena notícia que ajuda muito a explicar o Brasil.

domingo, 15 de novembro de 2015

Perdão foi feito prá gente pedir

Da série “falar em perdão numa hora destas?”
Li hoje que um dos terroristas suicidas que causaram centenas de mortes em Paris na triste sexta-feira 13 era francês e tinha 29 anos. E lembrei de meu conterrâneo Lupicínio Rodrigues; “Estes moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei...”.
Maior que a indignação, o ódio e o desejo de vingança, na minha visão, tem que ser a reflexão que a civilização ocidental deve fazer neste momento sobre onde é que NÓS erramos. Porque não se pode esperar que o lado das trevas faça isto; eles só querem a volta à Idade Média, só que agora com fuzis e explosivos sintéticos (que foram desenvolvidas pela ciência do lado da “luz”, diga-se).
O que precisa ocupar nossos pensamentos não é apenas o desejo de exterminar todos estes fanáticos do planeta; mas sim procurar entender o que leva um sujeito de vinte e poucos anos, vivendo em um lugar decente, que lhe proporciona todas as oportunidades, a fazer a opção pelo suicídio “glorioso” levando consigo um monte de inocentes.
Combater o terror é a prioridade do mundo; sem dúvida, ervas daninhas tem que ser contidas antes que tomem conta do jardim. Mas é preciso ir além e buscar a explicação para este fenômeno. Porque tantos jovens estão, usando as palavras do já citado poeta gremista, “deixando o céu por escuro e descendo ao inferno, à procura de luz”?
Li, em algum lugar, que a grandeza de uma religião não se mede pelo número de pessoas que ela exclui, mas sim pelos que ela é capaz de incluir. Quando Jesus falou “Ama teu próximo como a ti mesmo”, a frase acabou ali, ele não acrescentou algo do tipo “desde que ele pense do mesmo jeito que você”. A boa religião é a que te faz mais doce, paciente e disposto a aceitar o próximo, por mais difícil que isto possa parecer. Infelizmente, não é o que acontece com as religiões de hoje, mesmo as consideradas “civilizadas”. Talvez aí esteja a origem do problema.
Eu sei que é difícil, mas peço hoje um momento de oração por estes moços que se perderam no caminho e, num instante de fraqueza, perpetraram tanta barbárie contra os outros e contra si próprios. E que Deus nos dê a luz necessária para que possamos achar a solução definitiva para este mal. Que passa muito mais pela compreensão e pela inclusão do que por mais preconceito e violência, tenho certeza.