terça-feira, 14 de abril de 2015

Eduardo Galeano e os milagres do futebol

O mundo ficou um pouco menor desde ontem, com a morte de Eduardo Galeano, jornalista uruguaio dono de um talento raro e uma escrita única. Muito mais do que a discordância que sempre tive de seus posicionamentos políticos, me une a ele o fato de ser um dos maiores cronistas de futebol que passou pelo planeta. Seu livro “Futebol ao sol e à sombra” é leitura obrigatória para nós, os fanáticos pelo esporte que ele, brilhante como sempre, definia como “uma festa pagã, uma religião em que não há ateus”.
Pouco me interessa se ele tinha simpatia pelos regimes populistas de Fidel, Chavez e outros menos cotados. O seu talento foi muito maior do que isto. Sua visão apaixonada do futebol me fez entender, de alguma forma, o absurdo estatístico que é o fato do Uruguai sempre produzir jogadores e equipes de qualidade internacional, mesmo tendo uma população que não chega aos quatro milhões de habitantes.
É este o Galeano que vou guardar para sempre; o grande contador de “causos” do futebol, o homem que conseguiu expressar em palavras toda a poesia e complexidade do mundo da bola, e que só nós, os fanáticos, entendemos. Usando suas próprias palavras, numa frase quase premonitória; “A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais do que eu; e ela não perde o que deverá ser salvo”.
Vai em paz, grande mestre!