No início dos anos 90 assisti a um filme que, de certa forma, mudou a minha vida; Sociedade dos Poetas Mortos. Se você não viu, vai entender muito pouco deste texto, mas pode aproveitar os feriados de Natal e final de ano para se dar o prazer de ver o filme, que está “em cartaz permanente” no YouTube (santa pirataria, Batman!).
Resumindo a história, um professor muito pouco convencional chamado John Keating começa a dar aulas de língua inglesa em um dos mais conservadores colégios dos Estados Unidos. Com bom humor e sabedoria ele leva aos alunos uma mensagem totalmente diversa da caretice da escola, mostrando que eles têm que viver com intensidade e paixão, mesmo que isto custe pequenas indisciplinas tais como arrancar páginas de um livro texto e otras cositas mas. Obviamente este comportamento entra em rota de colisão com os valores da escola, e este confronto atinge seu apogeu quando um aluno chamado Neil Perry, inspirado pelas palavras do professor “porra louca” decide que sua vocação é o palco; ele brilha na peça de fim de ano da escola como ator principal mas, no mesmo dia, seu pai, um militar “linha dura” que exige que o rapaz siga a carreira de toda a linhagem masculina da família, o retira à força da escola, com o objetivo de matriculá-lo em uma academia militar. Em casa, à noite, o rapaz não aguenta a frustração e se suicida. A corda, obviamente, rompe do lado mais fraco, o professor Keating é considerado responsável pela tragédia e demitido.
Além da abordagem muito interessante sobre o conflito entre o novo e o ultrapassado, e o nível de choque que isto pode causar, o filme se tornou antológico para mim pela interpretação de Robin Willians, na pele do professor Keating. Minha identificação com o personagem foi imediata, e até hoje tento ser algo parecido com ele em todos os lugares onde dou aula. Mais de uma vez procurei rever vídeos de algumas cenas do filme, especialmente a primeira aula dele, onde ensina o significado da expressão latina “Carpe Diem” (pode procurar no YouTube que também está lá, vale a pena).
Por tudo isto o suicídio do ator, em agosto deste ano, chocou-me profundamente. A repercussão da notícia no Brasil foi pequena porque, poucas horas depois, tivemos o acidente de avião que matou Eduardo Campos, e este assunto, obviamente, ocupou toda a mídia disponível. Mas eu me senti órfão. Robin tinha a mesma idade que eu, e, obviamente, morreu sem saber como foi importante para a minha vida. A coincidência entre o suicídio do aluno, na ficção, e o do mestre, na vida real, me fez refletir muito sobre a insensatez disto tudo.
“Make your lives extraordinary!” dizia o professor Keating. Aproveitem o dia; não deixem que suas vidas passem sem sentido. Robin Willians viveu uma vida extraordinária; mas nem assim escapou da depressão. Só posso ser grato a ele pelo que me deu, sem saber, e me confessar triste e perdido por este desfecho inesperado. A vida e suas contradições, etc...
Minha única conclusão sobre tudo isto é que a vida é uma merda. Eu sei que é chato falar uma coisa destas logo nesta época do ano, mas é o que sinto olhando para 2014. Talvez meu humor esteja abalado pelos 7x1, pelos escândalos da Petrobras, pelo mau desempenho do Grêmio... mas posso garantir que é um sentimento genuíno.
Antes que eu me esqueça, feliz 2015 prá vocês.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
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