Poucas discussões me parecem tão sem sentido como esta entre o campeonato de pontos corridos e o mata-mata. As emoções fortíssimas proporcionadas pela fase semifinal da Copa do Brasil deste ano fizeram com que muitos pensassem em ressuscitar o zumbi do campeonato brasileiro com finais eliminatórias, como era até 2002.
Pessoal; muita calma nesta hora. Ninguém discute que o mata-mata é muito mais emocionante, mas é preciso entender (se é que alguém ainda não entendeu) que este tipo de disputa só é boa para os clubes que sobrevivem até as finais. Neste momento, por exemplo, só os torcedores mineiros possuem um real interesse pela final da Copa do Brasil; os demais acompanham sem paixão, apenas por gostar de futebol. Já o “monótono” campeonato brasileiro ainda promete seis rodadas com diversos jogos decisivos envolvendo praticamente todos os vinte times da disputa. Ou seja; do ponto de vista financeiro, o campeonato de pontos corridos é melhor prá todo mundo, porque permite que o clube planeje a sua temporada até o final. Se os dirigentes são incompetentes e não planejam, o problema seguramente não é da fórmula.
Numa comparação poética, eu diria que o campeonato de pontos corridos é como o amor, e o mata-mata é a paixão. Amor é investimento de longo prazo, torna a vida mais sólida e feliz; a paixão é cega, e pode levar à ruína, mas enquanto dura, é capaz de proporcionar emoções inesquecíveis. O equilíbrio entre as duas coisas faz a vida completa e feliz, e quem acha que pode viver só de paixão, acaba sempre muito mal. Desta forma, entendo que a existência de um campeonato de pontos corridos e um mata-mata, conforme temos hoje, é a solução correta.
Aliás, não é por outra razão que os países europeus, onde temos os campeonatos mais organizados e rentáveis do mundo, usam esta fórmula com sucesso há muito tempo; um campeonato de pontos corridos e uma copa em fases eliminatórias. A emoção desenfreada dos grandes jogos eliminatórios, em paralelo com a solidez de uma temporada rentável para todos, que premia ao final o mais eficiente ao longo do ano. Simples assim.
O resto é invencionice de quem acha que brasileiro é mais “ixperto” que os outros.
domingo, 9 de novembro de 2014
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