Existe uma frase, de autor desconhecido, que me agrada muito. Ela diz que os ingleses bem educados inventaram o tênis; os mal educados, o futebol. E o fato do futebol ser muito mais popular que o tênis prova que os mal educados são a maioria absoluta no mundo.
Sou gremista e fanático por futebol desde que me entendo por gente, e tenho sérias dúvidas sobre pessoas que me dizem que gostam de futebol, mas não têm time preferido. Não acredito que isto seja possível; a paixão tem que ter um objeto. E sempre achei que a parte interessante do futebol era justamente a malcriação que ele permite; na arquibancada você xinga, berra, enfim, solta todo aquele lado “baixaria” que todo o ser humano normal tem. Quem torce não precisa de terapia, dizia um amigo dos meus tempos de gremista de arquibancada, no saudoso Estádio Olímpico. Nada mais verdadeiro.
Recordei tudo isto em função do episódio recente envolvendo a torcida do Grêmio e o goleiro Aranha, do Santos. Em primeiro lugar, devo dizer que jamais defenderei a “Geral do Grêmio”, nem qualquer torcida organizada de qualquer time; entendo que estes lugares viraram antros de marginais, torcedores profissionais, que só querem saber de dinheiro e favorecimentos políticos, colocando seus interesses pessoais muito acima do futebol ou do clube. Alias, podemos dizer que, de certa forma, este microcosmo reflete o que temos de pior na sociedade brasileira como um todo, mas isto fica para um próximo post.
O que eu acho importante nisto tudo é; o racismo é uma praga, sem dúvida, mas será que o “politicamente correto” não é uma praga pior? É claro que chamar um ser humano de “macaco” é inadmissível, mas será que é caso de prisão perpétua, ou pena de morte? Lembro que há muito pouco tempo estive no Maracanã assistindo Alemanha x França, e cantei, junto com a multidão, a musiquinha que terminava com “Maradona cheirador”; além disto, já xinguei a mãe de vários jogadores, além de questionar a masculinidade de árbitros e adversários. Isto é bonito? Claro que não. Eu me envergonharia de ver isto na TV? Obviamente. Então vamos acabar com isto? Desculpem o mau jeito, mas acho que aí é melhor acabar com o futebol, e vamos todos brincar de Barbie e fazer terapia depois.
O mais triste nestes casos é que o tratamento dado pela mídia é o pior possível, sempre levando a questão para o lado emocional. Fiquei imaginando as filhinhas do Maradona olhando prá minha cara com lágrimas nos olhos e dizendo que o “papá” nunca cheirou nada, que eu era um monstro nazista (e o pior é que tenho sangue alemão, mesmo). Enfim, eu não teria onde me segurar; não sou negro, nem pobre, nem deficiente físico, nem homossexual... Talvez só o fato de ser idoso contasse como atenuante para a minha falta de educação.
Resumindo, penso o seguinte; racismo nunca, violência nem pensar, mas zoação sempre. E fico muito preocupado com a ideia que se proponha um tipo de “código de ética” nos estádios; macaco não pode, veado não pode, filho da puta pode ser, cheirador talvez, corno quem sabe... É claro que isto não faz o menor sentido. Crianças, creiam na palavra deste velho peladeiro; a graça toda está em não ter regras, apenas o mínimo de bom-senso. E não tem nada mais bonito e humano do que você chegar para o ofendido, pedir desculpas e ele aceitar. É assim que o ser humano se engrandece.
Uma frase para terminar; “Agora falando sério; a seriedade é anti-humana. O nazismo, por exemplo, era sério paca”. O autor é o humorista Jaguar, do saudoso Pasquim. Tenho certeza que a neurose do politicamente correto é muito mais nazista do que a saudável zoação entre torcidas. E que atire a primeira pedra quem nunca xingou ninguém.
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