Este causo ocorreu comigo em Juiz de Fora, há alguns anos. Era uma aula de “Gerenciamento da Comunicação em Projetos”, que fazia parte de um curso de MBA, e era ministrada em dois dias; sexta-feira à noite e sábado pela manhã. Ocorre que era o fim-de-semana do dia das Mães, e eu já me preparei para o fato que muitos alunos iriam faltar na aula de sábado, por conta de possíveis viagens.
Não deu outra; na aula de sexta-feira tivemos presença maciça, mas no sábado era possível notar claramente que o número de alunos era bem menor. Como passei um trabalho para ser feito na sala, pude verificar com exatidão o número de alunos presentes; vinte e dois (o total de alunos na turma era de mais ou menos quarenta). Ao final do trabalho houve um coffee break, aproveitei o intervalo para dar uma olhada na lista de chamada que eles haviam assinado e levei um susto; eram exatas 37 assinaturas! Ou seja; tínhamos quinze alunos-fantasmas na sala de aula.
Eu tinha poucos minutos para tomar uma decisão; deixar prá lá, dar uma chamada, ameaçar com punição, enfim, muita coisa me passou pela cabeça. Acabei achando uma solução que, sem modéstia, recomendo para todos os colegas que venham a passar por algo semelhante.
Fui até a secretaria e pedi uma cópia da lista de chamada. Quando os alunos voltaram para a sala, fechei a porta e falei, no tom mais sério que consegui;
- Pessoal, ocorreu um problema aqui na sala, mas, por mim, este assunto não vai passar daquela porta.
Senti que eles ficaram preocupados, peguei a lista de chamada na mão e continuei o teatrinho;
- Vocês acabaram de fazer o trabalho e assinaram. Eu tenho uma prova, fornecida por vocês mesmos, que existem 22 alunos nesta sala. E esta lista tem 37 assinaturas.
O silêncio na sala era completo. Daria prá ouvir o zumbido de um mosquito. Peguei um copo com um restinho de água dentro, e dei o golpe final;
- Fui à secretaria e contei que, acidentalmente, eu derramei água em cima da lista assinada por vocês, e ela ficou inutilizada (neste ponto, joguei a água na lista assinada, rasguei-a e coloquei no lixo). Pedi desculpas pelo incômodo, eles me deram esta lista nova e eu solicito a vocês que façam o favor de assinar novamente. Se esta lista voltar com 22 assinaturas, o caso acaba aqui. Se voltar com mais de 22, vou ter que tomar outras providências. Depende só de vocês. Fui claro?
Não preciso contar que a lista voltou exatamente com 22 assinaturas, e ninguém saiu chateado. Lição aprendida; todo aluno, no fundo, é uma criança. E brigar com criança é besteira, o negócio é ensinar. E ser criativo, sempre.
sábado, 28 de junho de 2014
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