segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PARA QUE A TRAGÉDIA NÃO TENHA SIDO EM VÃO...

Tenho uma pequena casa de veraneio em Teresópolis, exatamente no Parque do Imbuhy – um dos bairros mais atingidos pela tragédia. Por pura sorte, nem eu nem nenhum membro de minha família estava lá naquele dia, e por mais sorte ainda fiquei sabendo que minha casa praticamente não foi atingida. Assim sendo, embora não tenha praticamente nada a lamentar do ponto de vista pessoal, o convívio de quase uma década com as belezas naturais e o povo desta linda cidade fez com que eu sentisse a dor desta tragédia com muita intensidade. Preocupado com o futuro desta terra que, de certa forma, também é minha, lembrei de uma pequena história que costumo usar em minhas aulas sobre gerenciamento de projetos e que, neste momento, pode ser preciosa para a nossa orientação.
Dizem que passado o terremoto de Lisboa (1755), o Rei perguntou ao General o que se havia de fazer.
Ele respondeu ao Rei: 'Sepultar os mortos, fechar os portos e cuidar dos vivos'.
Essa resposta simples, franca e direta tem muito a nos ensinar.
Sepultar os mortos significa que não adianta ficar reclamando e chorando o passado. É preciso 'sepultar' o passado. As marcas, a saudade, o respeito, tudo isto fica; mas não adianta mais chorar. Isto inclui a inútil busca por culpados, neste momento. Tenho certeza que nunca mais vou ficar olhando pela janela de minha casa, contemplando o espetáculo das montanhas iluminadas pelo sol da manhã com a mesma despreocupação de antes, mas é preciso conviver com isto.
Fechar os portos significa não deixar as 'portas' abertas para que novos problemas possam surgir ou 'vir de fora' enquanto estamos cuidando e salvando o que restou do terremoto de nossa vida. Significa concentrar-se na reconstrução, no novo. E não deixar que algum dia, isto se repita. E isto tudo nos leva à terceira frase, a mais importante de todas.
Cuidar dos vivos significa que, depois de enterrar o passado, em seguida temos que cuidar do presente. Cuidar do que sobrou, e dos que sobraram. E o primeiro passo é o aprendizado. Porque deixamos a coisa chegar onde chegou? Podemos xingar os políticos, estes safados, corruptos, mas quem elege estes caras? O que cada um de nós pode fazer melhor daqui para diante? O nome mais simples deste processo é EDUCAÇÃO. Não só no sentido de educação formal, mas principalmente de criar uma cultura diferente nos nossos relacionamentos diários; prestar mais atenção aos outros, ser solidário, participar mais das decisões referentes à nossa comunidade. Apenas dar de ombros e dizer que “o Brasil é assim mesmo e não vai mudar nunca” é muito fácil. E covarde. Se voltarmos a fazer as coisas do mesmo jeito que sempre fizemos, os resultados serão sempre os mesmos, não é preciso ser um gênio para entender isto.

É assim que a história, a mestra da vida, nos ensina. Que a dura lição que a força da natureza nos impôs não seja esquecida. E que, caso ocorra um novo fenômeno parecido, que desta vez nós estejamos muito mais preparados para enfrenta-lo. Depende só de nós.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Projetos dos times brasileiros em 2010 – quais foram os clientes felizes?

No início do campeonato brasileiro de 2010, escrevi um “post” fixando as metas dos clubes para o ano. Agora é hora da prova final. Recordando, dividi os clubes em quatro grupos (ver abaixo). Na época ainda não haviam sido definidas as finais da copa do Brasil e da Libertadores (os clubes marcados com (*) ainda disputavam). Conforme sabemos, o Inter foi campeão da Libertadores e o Santos da Copa do Brasil. A nossa previsão era esta;

Grupo A – Internacional(*), São Paulo(*), Cruzeiro, Santos(*)
Objetivo do projeto; Ser campeão

Grupo B – Grêmio, Corinthians, Atlético-MG, Flamengo
Objetivo do Projeto; Vaga na Libertadores

Grupo C – Avai, Fluminense, Botafogo, Vasco, Vitória(*), Palmeiras, Atlético-PR
Objetivo do projeto; Vaga na Sulamericana

Grupo D – Goiás, Atlético-GO, Grêmio Prudente, Guarani, Ceará
Objetivo do projeto; escapar do rebaixamento

Hoje, acho que podemos classificar os clientes (torcedores) no seguinte “ranking”;

Ultra-mega-feliz – Fluminense (sem comentários);
Muito feliz – Grêmio (obteve a vaga na Libertadores de forma espetacular, e ainda viu o Inter pagar mico no Mundial de Clubes);
Satisfeitos – Cruzeiro, Corinthians, Santos (campeão da Copa do Brasil, fez um Brasileirão meia boca), Ceará, Atlético-GO, Atlético-PR, Botafogo, Palmeiras, Avaí. Estes times fizeram mais ou menos o papel esperado.
Insatisfeitos – São Paulo e Vasco (campanhas decepcionantes), Goiás, Guarani e Grêmio Prudente (rebaixados)
Muito insatisfeitos - Atlético-MG e Flamengo (quase rebaixados, escaparam na última hora), Vitória (afundou no segundo semestre e acabou rebaixado).
Restou o torcedor do Internacional, que viveu, em um ano, duas sensações muito distintas; depois de comemorar a conquista de sua segunda Libertadores em menos de cinco anos (coisa que só o Santos de Pelé e o São Paulo conseguiram até hoje), viu o time fazer uma péssima campanha no Brasileiro e, no fim do ano, conseguir o “feito” inédito de perder para um time africano no Mundial da FIFA. Do infinito ao zero em um ano. Fiquei em dúvida sobre como classificá-lo, mas tenho certeza que a decepção foi maior que a satisfação.