Li hoje, na coluna do Ancelmo Goes, que Frei David dos Santos, descrito como “um grande batalhador da causa afrodescendente no Brasil”, teria escrito uma carta à futura Presidente Dilma Rousseff, pedindo um ministério com 30% de negros e 30% de mulheres.
Não conheço o Frei David dos Santos, mas já descobri que temos um ponto em comum, uma vez que eu sempre fui simpático à causa dos afrodescendentes (e também das mulheres, homossexuais e discriminados de uma forma geral), mas acho que esta criação de “cotas percentuais” é, seguramente, a forma menos adequada de solucionar o problema.
A premissa básica para a adoção de um sistema de cotas (seja ele qual for), é defender alguém que não conseguiria obter um determinado posto em função das suas limitações. Esta premissa é obviamente falsa, tanto com relação aos negros como quanto às mulheres. E acaba por criar uma espécie de preconceito às avessas, ao facilitar a vida de determinados grupos em detrimento de outros.
Ninguém pensa em criar uma cota para brancos na seleção brasileira de futebol ou uma cota para baixinhos na seleção de vôlei (imagino como reagiriam Mano Menezes e Bernardinho a este tipo de proposta). E um ministério, embora ninguém no Brasil ligue muito para isto, é uma espécie de seleção brasileira, onde os cargos devem ser preenchidos única e exclusivamente em função da competência e do mérito de cada um para exercer o cargo.
Neste ponto, a proposta de Frei David é tão indecente quanto o fisiologismo dos partidos políticos, que trocam apoio por “cotas” no poder executivo ou nas estatais.
Resumindo, tenho uma proposta simples; quem sabe a Presidente Dilma não assume um estilo totalmente inovador e nomeia o seu ministério (e, de quebra, todos os postos executivos de estatais e empresas públicas) baseando-se, unicamente, na competência das pessoas, sem levar em conta raça, sexo, partido político ou qualquer outro critério? Não sei qual seria o percentual que tocaria para cada um, mas tenho certeza que teríamos negros, brancos, mulheres, homens, homossexuais, jovens e velhos, e a coisa funcionaria perfeitamente integrada. Porque tenho certeza que a única coisa capaz de salvar este País é a valorização da competência, em todas as áreas de conhecimento. E, infelizmente, a adoção de sistemas de cotas (sejam eles quais forem) sempre será um entrave para este processo.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
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Perfeito o seu artigo, Herve!
ResponderExcluirNuma das nações mais miscigenadas do planeta, onde é difícil para cada um de nós até se definir a que raça pertencemos, melhor diria: escolher a que raça pertencemos, falar em cotas raciais é no mínimo, um contra senso.
Preconceito se combate com educação.
Aliás, a igualdade social se constrói na base, dando condições iguais na formação, e não qualificando por critérios que não passem pela competência.
Além de prestigiar um Brasil utópico sem mulatos em suas palestras delirantes, além de estimular complexos em detrimento de reforçar direitos, que seria o papel de um educador, Frei David promove ações casadas aos projetos do governo, como por exemplo a aquisição do FIES. Vi esse homem convencendo umas sessenta pessoas, reunidas com o intuito de resolver seu problema de inclusão. Nem todo mundo era negro,mas o tratamento foi igualitário: quer ajuda aqui tem,mas é pagando. Universidade pública,nem pensar. É coisa de elite.
ResponderExcluirDo modo como as coisas estão acontecendo, e Leis loukas estão sendo aprovadas, hoje em dia ser branco, heterosexual e ter uma boa base de conhecimento, não possuímos nenhuma vantagem! E somos tratados como errados! Tenho medo de ter filhos! Como será o futuro deles?! Eis um pensamento para um novo artigo.
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