segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lula ganha um tempo para decidir entre o bem e o mal

O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais representou uma dura derrota para o Presidente Lula. Ele apostou pesado que o seu carisma e a aprovação maciça de seu governo seriam suficientes para destroçar qualquer adversário – e perdeu feio. É claro que Dilma continua favorita, e deve se eleger naturalmente, mas o fato é que Lula teve que aprender que não era o senhor absoluto da vontade do povo brasileiro, e isto deve ter sido frustrante para o seu recente surto megalomaníaco. Na semana passada ouvi uma piadinha que dizia que a diferença entre Chavez e Lula era que Chavez achava que era Deus, e o Lula tinha certeza que era. Hoje, acredito que Lula acordou mais humano.
E espero que esta ressaca faça bem a ele. Porque não tenho a menor dúvida que Lula, pelo seu carisma, inteligência e história de vida tinha tudo para ser o grande líder que o Brasil precisava para finalmente sair do estado emergente para o de nação de primeira linha. Só que o que diferencia os grandes líderes dos meros caudilhos é justamente a grande visão, o sonho; “I have a dream”, dizia o grande Martin Luther King. Líderes de verdade sempre colocam o interesse das nações e dos povos acima dos seus; este foi o caminho de Gandhi, Luther King e Mandela, por exemplo. Só que Lula se deixou embriagar pelo poder (sem duplo sentido, por favor), e trocou a grande mudança pela eleição de sua candidata. Com isto, deixou a posição de condutor do processo (que, afinal, é a que cabe ao Presidente da República em um regime democrático) e virou um cabo eleitoral fanático, muitas vezes grosseiro e autoritário. Diga-se, em tempo; neste aspecto, ele ficou muito abaixo de seu antecessor, o tão criticado FHC, que portou-se como um verdadeiro lorde inglês no processo de transição democrática entre ele e o então opositor Lula, em 2002.
Assim, Lula não hesitou em aliar-se aos seus antigos inimigos e, inteligente que é, aprendeu rápido, e passou a agir como eles, acobertando casos evidentes de corrupção, culpando a imprensa por denúncias, enfim, trocou tudo o que poderia fazer de bom e construtivo para o Brasil por um projeto pessoal de poder eterno, acreditando que, ao contrário do que pregava o velho e bom Abraham Lincoln, poderia enganar todo o povo durante todo o tempo.
Hoje a conta chegou. A festa teve de ser adiada. E espero que Lula aproveite este intervalo entre o primeiro e o segundo turno para repensar a sua posição. E assumir o papel que está reservado para ele na história do Brasil; o de líder de uma grande mudança. A outra possibilidade é ser apenas mais um caudilhozinho latino americano, soltando bravatas e tentando convencer o povo que ele é o Senhor e Dilma a sua profeta. Ele decidirá o caminho a tomar; e o tempo, o implacável senhor da razão, vai julgá-lo. Que Deus o ilumine para que tome o rumo certo.

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