segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Minha mensagem de ano novo - Carpe Diem

Uma das expressões mais citadas nesta época de final de ano (meu Deus, 2013 já está acabando? Como o tempo passa rápido!) é “Carpe Diem”. O significado normalmente atribuído a ela é “aproveite o dia”.
Como vivemos na era da cultura “fast food”, pouca gente sabe que esta expressão vem de um texto do poeta romano Horácio, que viveu um pouco antes de Cristo. A versão atualizada deste texto seria mais ou menos esta (sempre lembrando que temos que dar o desconto pelo fato de ser uma obra com mais de dois mil anos de idade, que já passou por um monte de traduções);

"Aproveite o dia, confia o mínimo no amanhã.
Não perguntes (saber é proibido) o fim que os deuses darão a mim ou a ti.
É melhor apenas lidar com o que encontramos no caminho.
Se muitos invernos Júpiter te dará ou se este é o último, que agora bate nas praias com as ondas do mar Tirreno.
Sê sábio, bebe o teu vinho e reescala as tuas esperanças para um curto prazo.
Pois mesmo agora, enquanto falamos,
o tempo ciumento está fugindo de nós.
Por isso aproveita o dia, confia o mínimo no amanhã"

Existem traduções que preferem usar a expressão “colha o dia” ao invés de “aproveite o dia”. A diferença é sutil, mas interessante; muita gente entende “carpe diem” como se isto significasse viver um dia como se fosse o último de sua vida. E usam esta desculpa para torrar dinheiro, cair na farra e fazer todas as bobagens possíveis como se não houvesse amanhã.
Nós, que trabalhamos com gerenciamento de projetos, sabemos que para um projeto funcionar é preciso fazer exatamente o contrário; esforçar-se no dia de hoje para ter a recompensa no futuro. E, neste sentido, a idéia de “colher o dia” é muito mais significativa, porque para colher é preciso semear e regar a planta (ou seja, planejar, executar e controlar). Assim, “carpe diem” significaria, na verdade, fazer do dia de hoje o melhor dia possível, ou seja; se o dia for de trabalhar, trabalhe; se for de planejar, planeje; e, finalmente, quando for o dia de festejar (porque ninguém é de ferro), enfie o pé na jaca com vontade. Mas nunca esquecendo que amanhã há um novo dia a ser colhido...
Abraços a todos e que 2014 nos traga ótimas colheitas e semeaduras.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Da longa série "Meus pitacos no LinkedIn" - o causo da competência

Costumo participar das discussões do grupo de gerenciamento de projetos no LinkedIn, e vou postando aqui alguns palpites e pitacos que apresento por lá de vez em quando.
Desta vez a discussão era sobre "o quanto o gerente de projetos precisa conhecer da parte técnica do projeto". Existem, como sempre, posições radicais dos dois lados; há aqueles que acham que um bom gerente consegue tocar um projeto mesmo sem entender nada da parte técnica, e os que acham que ele tem que dominar profundamente o tema. Meu palpite foi assim;
Prezados;
Gostaria de fazer um comentário e, para não perder o costume, contar um “causo”.
O comentário é o seguinte; partindo-se do modelo ETO (Estratégico, Tático, Operacional – não confundir com Samuel Eto’o, o grande centroavante), sabe-se que, quanto mais nos afastamos do nível Operacional, menos o profissional precisa entender os aspectos técnicos do trabalho. Desta forma, é muito comum vermos altos executivos mudando de empresas de alimentos para varejistas ou petroleiras; eles estão em um nível totalmente Estratégico (E), onde entender a parte técnica não é importante (para isto existem os assessores).
O problema é que o gerente de projetos, normalmente, situa-se entre o nível Tático (T) e o Operacional (O). E, neste nível, o sujeito não consegue exercer a liderança sobre a equipe se não tiver um mínimo de conhecimento técnico.
Contando um “causo” que ocorreu comigo; logo após a minha certificação como PMP, no início dos anos 2000, alguns colegas da Petrobras acreditaram que eu tinha adquirido superpoderes e resolveram me colocar para gerenciar um projeto para a área de Exploração e Produção. Detalhe importante; eu trabalhava na área de Refino havia mais de vinte anos, na época. Na primeira reunião do projeto, eu pura e simplesmente não consegui entender nada do que foi discutido. E olha que era um projeto de engenharia, dentro da Petrobras – e eu era um engenheiro da Petrobras com capacitação em gerenciamento de projetos! Só que não conhecia sequer o básico para conversar com um especialista da área off-shore. Logo após a reunião eu pedi para sair (ninguém ia respeitar um gerente de projeto que ficava numa reunião com cara de babaca, sem entender nada de nada), e sugeri que indicassem alguém com experiência na área. Posso dizer que funcionou muito bem.
Resumindo; não acredito muito na idéia que um profissional possa gerenciar projetos em uma área em que seja totalmente “cego”. E, conforme frisou muito bem o Mestre Farhad, gerente de projetos não é profissão; é uma função, e tenho certeza que uma das qualificações requeridas para o exercício desta função é o conhecimento técnico. Detalhe importante; quando falo “conhecimento técnico” não estou exigindo que o cara seja especialista no assunto. Colocar um especialista técnico para gerenciar projetos costuma ser uma fórmula perfeita para atingir o fracasso, porque ele certamente vai querer se meter nas discussões técnicas, o que não é função dele, e acaba não fazendo bem nem uma coisa nem outra. Já vi muito projeto naufragar por causa disto, mas este “causo” fica para uma próxima, porque o post já ficou longo demais para o meu gosto...
Abraços e sucesso para todos.