quinta-feira, 23 de julho de 2015

MAIS UMA REFLEXÃO SOBRE FUTEBOL E PROJETOS

A derrota do Internacional para o Tigres, do México, na semifinal da Copa Libertadores de América, além de encher de alegria o meu malvado coração gremista, me fez refletir mais uma vez sobre o problema dos projetos mal planejados e/ou mal executados.
Ganhar a Libertadores era o grande projeto do Internacional para 2015. O clube não mediu gastos para adquirir um elenco de jogadores altamente qualificado, e, na hora de escolher o gerente do projeto (treinador) optou por uma solução inovadora; um técnico uruguaio, ex-jogador do time, alguém com ideias novas e arejadas. Até aí, tudo certo.
Diego Aguirre chegou e propôs logo uma revolução; não vou ter um time titular. A alegação era que alguns grandes da Europa (o famoso Bayern de Munique, dirigido pelo não menos famoso Pep Guardiola era o exemplo mais citado), fazem isto e funciona. Os primeiros resultados foram acontecendo, e o time chegou às semifinais da Libertadores; só que quem conhece um mínimo de futebol sabe que resultados podem ser enganosos, às vezes. E o fato é que, enquanto esperava a chegada dos jogos mais importantes do ano, o time foi colecionando tropeços no campeonato brasileiro e, pior ainda, jogando muito mal, sem conseguir definir uma equipe e um padrão de jogo.
“Esperem, que na hora certa as coisas vão engrenar!”, diziam os dirigentes.
Pois vieram os dois jogos com o Tigres, e o que aconteceu? O time fez duas atuações pífias, nada além do que vinha apresentando. Não conseguiu construir uma boa vantagem no jogo em casa, mesmo tendo um homem a mais durante boa parte do tempo, e levou um banho de bola no segundo jogo (o placar de 3x1 foi até leve diante da realidade da partida). O resultado é que hoje o Internacional acordou sem título, sem time definido, sem confiança no seu gerente e sem saber de onde vai tirar o dinheiro para pagar o seu elenco milionário. Até para tentar conquistar alguma coisa nos campeonatos que restam (Brasileirão e Copa do Brasil) ficou complicado.
Lições aprendidas no processo;
a) Muito cuidado ao copiar modelos estrangeiros. Não dá para comparar a cultura do futebol alemão com o nosso, por exemplo. Além disto, não é verdade que o Bayern “não tem um time titular”; eles têm uma base, sim, e promovem um rodizio planejado para poupar titulares e dar chance a quem está no banco. Ou seja; o projeto é planejado e a execução, seguida à risca. Isto pode levar a mudanças, como quando um jogador reserva entra e prova que tem qualidade para ser titular, mas o padrão do time não muda. Em outras palavras, uma coisa é fazer o planejamento do projeto e controlar as mudanças, outra coisa é não ter plano algum e achar que as coisas vão acabar se resolvendo.
b) Não coloque todos os ovos em um mesmo cesto, já dizia a minha avó. Todo o bom projeto inclui uma cuidadosa análise de riscos e previsão de caminhos alternativos. Isto é básico.
c) Muita atenção quando as coisas começam a dar errado. A pior coisa é acreditar que “no fim tudo vai se resolver”. Infelizmente, isto é uma cultura muito nossa. Citando um exemplo que conheço bem, se a Petrobras tivesse revisado a sua carteira de investimentos há uns cinco anos, quando o balanço já demonstrava que o endividamento era grande demais, não chegaria à situação em que está hoje. Mas a gente sempre prefere acreditar em milagres...
Enfim; o futebol continua nos dando lições sobre gestão de projetos. E vice-versa. Como são dois assuntos que me agradam, vou continuar escrevendo sobre isto...

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