segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Inteligência artificial e espiritualidade; isto faz algum sentido?

Não e novidade para ninguém que vivemos um momento de transformações radicais, como nunca antes aconteceu na história da espécie humana.
Disrupção, mundo VUCA e outras expressões do gênero são utilizadas para tentar dar algum sentido para uma era em que a mudança é quase diária e as “verdades eternas” podem durar menos de um ano. A grande verdade é que estamos todos estupefatos e é difícil tentar entender o presente e mais difícil ainda fazer previsões de futuro.
Nestas horas a experiência me ensinou que é bom buscar os textos atemporais. Por casualidade hoje reli a bela carta de São Paulo aos Coríntios. E um trecho chamou-me particularmente a atenção; “Há dons de profetizar, mas eles desaparecerão (,,,) Há o conhecimento, mas ele desaparecerá (...) Agora, meu conhecimento é incompleto. Mas quando aquele tempo vier, conhecerei completamente, assim como sou conhecido por Deus”.
Antes que alguém pense que eu esclerosei de vez, peço licença para interpretar o texto. Talvez o mais importante seja a visão de que o conhecimento, pelo menos da forma como o entendemos, está próximo do fim. Ou seja, o processo que substituiu gradativamente a força humana pelas máquinas, iniciado lá na Revolução Industrial, agora atinge o seu momento máximo, quando o próprio “conhecimento” humano é substituído pela IA. E qual o papel do ser humano, neste momento? O de ser perfeito, à imagem e semelhança do Criador.
O que quero dizer é que o mundo da concorrência assassina, do “tudo por dinheiro”, está acabando. E uma boa dica sobre como isto vai acabar está sendo dada por algumas empresas de ponta no mundo. Que não enxergam mais o funcionário como uma máquina de produzir, que não vêem mais o concorrente como um verme a ser eliminado, que começam a pensar e por em prática sugestões alternativas para o público.
Um exemplo interessante é a nova definição da Microsoft para a sua missão; “Empoderar cada indivíduo e cada organização no planeta para que consiga mais”. Alguns podem entender que esta definição é muito vaga mas, para mim, está muito claro que a ideia é romper com todo e qualquer tipo de fronteira e/ou preconceito; que todo mundo atinja o seu melhor, seja quem for. Inclusive nossos possíveis concorrentes.
O assunto é longo, mas o fato é que é notório que cada vez mais se fala na importância das “soft skills”, das qualidades de relacionamento e comprometimento com a comunidade e o planeta como itens importantes para o profissional do futuro. Com um pouquinho de ousadia, eu chamaria isto de “profissional espiritualizado”, consciente de sua missão divina no planeta. Mesmo que ele seja ateu, é claro, quando eu falo em todo mundo é todo mundo mesmo.
É claro que, em paralelo com isto, temos um aprofundamento do comportamento Neandertal nas redes sociais, no ódio e no sectarismo, mas isto também faz parte do pacote; afinal, é chegada a hora de separar o joio do trigo. Quem passa o tempo todo espalhando seu mau humor e sua raiva contra os semelhantes, além de se tornar muito desagradável, vai ter também suas oportunidades de trabalho muito reduzidas.
Citando o grande Lulu Santos, eu vejo um novo começo de era, de gente fina, elegante e sincera, com habilidade prá dizer mais sim do que não... Tenho certeza que São Paulo concordaria com ele.
Quem viver, verá.