segunda-feira, 6 de julho de 2015

A dama e a vagabunda

Hoje um sujeito mostrou com orgulho, nas famigeradas redes sociais, como conseguiu driblar a segurança, se aproximar da Presidente Dilma Rousseff e chama-la de “vagabunda” (para quem está curioso, é só ver https://br.noticias.yahoo.com/-foi-uma-honra---diz-jovem-que-chamou--cara-a-cara--dilma-de--vagabunda-151903587.html).
Por maiores que sejam os fatos que comprovam todo o dia a incompetência e, em muitos casos, a desonestidade do governo atual, não consigo achar bonito um sujeito chamar uma mulher de “vagabunda”, qualquer que seja a circunstância. E o número de pessoas que apoiam este ato me leva à triste conclusão que vivemos tempos de ódio e irracionalidade.
Há uns vinte e poucos anos, o Brasil inteiro cantava; “Lá vem o negão, cheio de paixão”. Era um sambinha ao melhor estilo brasileiro; bem-humorado, malicioso, inconsequente. Ninguém virou racista por causa disto. Na TV, Didi Mocó matava a gente de rir dizendo para um irritado Dedé; “calma, santa!”. E ninguém virou homofóbico por causa disto.
Hoje existe um mau humor generalizado, um ódio raivoso por tudo o que sempre foi natural e descontraído. Até o todo-poderoso apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, teve que se retratar, quase de joelhos, porque ousou dizer no ar, num raro momento de descontração, que um sujeito “tinha cara de maluco”. A reação da massa frequentadora das redes antissociais foi imediata e carregada de ódio. E o pior é que o sujeito era maluco, mesmo (estava ameaçando derrubar aviões usando o controle remoto da TV, ou algo parecido).
Na política, o saudável enfrentamento democrático deu lugar a uma polarização irracional (que, diga-se a bem da verdade, foi muito atiçada pelo próprio PT, que sempre apostou na estratégia de jogar brasileiros contra brasileiros), que chega agora a um nível de estupidez absurdo.
Bons tempos em que o Brasil não era um país sério. Agora viramos um país chato, raivoso e burro. Muito burro.

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