domingo, 23 de setembro de 2018

Será que debate e "dedo na cara" são sinônimos?

O debate totalmente extemporâneo e inútil sobre o nazismo ser destro ou canhoto chegou às paginas do Globo na edição de sábado, 22/09/2018. E um depoimento me chamou a atenção. Uma professora que ministra aulas de história há cerca de 20 anos em uma escola de Belford Roxo (RJ) afirmou que, de uns tempos para cá, “Os alunos passaram a colocar o dedo na cara dos professores e questionar fatos históricos com bases em achismos vistos na internet”.
O que me chamou a atenção não foi o questionamento, mas sim o dedo na cara. Sou professor e adoro quando os alunos me contestam, porque um debate é sempre mais interessante do que uma aula expositiva, só que a ideia de encarar com naturalidade o “dedo na cara” me parece inconcebível.
Extrapolando o raciocínio, entendo que este é um dos grandes problemas brasileiros; confundimos debate com dedo na cara. As grandes nações são forjadas no debate e na troca de ideias, na tese e antítese, no questionamento contínuo. Sem dedo na cara, por supuesto.
Não é preciso ser um gênio em politica para entender que é por isto que chegamos hoje a uma eleição polarizada entre um grupo que apoia cegamente um corrupto que está na cadeia e outro grupo que apoia cegamente um cara que idolatra torturadores. Tenho certeza que nenhum dos dois é uma boa solução para o Brasil, mas não temos debate, só dedo na cara.
Fé cega, faca amolada

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