sábado, 16 de abril de 2016

OK, vamos tirar a Dilma. E depois disto, temos algum projeto?

Se todas as previsões se confirmarem, o Brasil inicia neste domingo um processo (que espero que seja rápido) para tirar Dilma e seu mentor espiritual Lula do poder. A pergunta que fica é; o que esperamos que aconteça a partir daí? Não estou me referindo aos problemas de seus sucessores na linha direta da constitucionalidade (Temer, Cunha, Calheiros), todos envolvidos também em irregularidades, mas sim ao que se espera do Brasil pós-PT. A sábia Mafalda, personagem do genial cartunista argentino Quino, dizia; “não é suficiente destruir as estruturas, precisamos saber o que vamos fazer com os cacos”.
Não custa lembrar que já vimos filme parecido em 1992, quando o país inteiro comemorou o impeachment do então presidente Fernando Collor. Resultados práticos; nenhum. A corrupção não acabou e o próprio Collor retornou à política triunfalmente, sendo hoje um dos mais representativos nomes do senado brasileiro.
O que faltou? Faltou, como sempre, um projeto. Em 2010 a então desconhecida candidata Dilma Rousseff falou que “um país sem projetos é um país sem futuro”. Para quem só era conhecida como “a mãe do PAC” (alguém lembra do PAC?), uma boa frase. Talvez uma das poucas coisas coerentes que ela disse em toda a sua vida pública.
Infelizmente, a falta de educação e o imediatismo são características muito fortes da sociedade brasileira como um todo, não sendo exclusividade nem de coxinhas nem de petralhas. A foto abaixo, que eu mesmo tirei, é de uma pichação colocada em um muro do bairro carioca Jardim Botânico, nas manifestações de junho/2013. Prá mim é o resumo perfeito das crenças brasileiras. E uma boa explicação sobre como um país com tantas possibilidades de sucesso continua na lama.

Como não me agrada a ideia que o impeachment de Dilma também não tenha grandes resultados práticos no longo prazo, entendo que é hora de pensar em algumas alternativas para que isto não aconteça. Vale lembrar que, diferentemente de 1992, temos hoje uma sociedade bem mais forte, que foi capaz de colocar na cadeia empresários e políticos de alto escalão; este é um ponto importante, e um avanço que não pode admitir recuos.
Vou listar abaixo alguns dos pontos que me parecem importantes para debater, e prometo voltar a cada um deles em futuros posts, até porque este já ficou muito grande;
a) Reforma ministerial (nenhum país do mundo precisa de 40 ministérios);
b) Redução dos cargos de confiança e do custo da máquina administrativa (o número de assessores que os nossos políticos têm, tanto na esfera federal como estadual e até municipal é, seguramente, absurdo. Esta reforma é fácil de fazer e vai economizar muito);
c) Adoção de voto distrital e facultativo (acho que o Brasil é o único país do mundo em que votar é obrigação);
d) Obrigação, por parte de todo e qualquer ocupante de cargos políticos, de disponibilizar na internet sua declaração de bens (permite à sociedade controlar possíveis sintomas de enriquecimento anormal);
e) Nomeação dos presidentes e diretores de empresas estatais por critérios técnicos, com verificação anual de cumprimento de metas (é assim em todos os lugares civilizados do mundo).
Acho que estes cinco itens são suficientes para começar, mas tem muito mais. O que não pode é tirar o PT e deixar tudo como está, porque daqui há algum tempo vamos sair às ruas para tirar o PSDB, ou o PMDB, ou, pior de tudo, reeleger o Lula.
O Brasil precisa de um projeto de país. Se querem um grito de guerra, tenho um; Gerentes de projeto, unidos, jamais serão vencidos!

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