segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O OURO FOI PARA O FUTEBOL BRASILEIRO, MAS O MODELO ALEMÃO AINDA É O MELHOR. E NADA IMPEDE QUE O BRASIL O ADOTE

A conquista da inédita medalha de ouro no futebol masculino das Olimpíadas gerou uma justa euforia em todos nós, torcedores fanáticos da camisa amarela. Todavia, passado o momento de emoção, cabe refletir um pouco sobre o que aconteceu e quais os próximos passos.
A verdade dos fatos é a seguinte; conquistar este ouro era uma obsessão para o futebol brasileiro, e o fato dos jogos serem realizados no Brasil aumentava consideravelmente as nossas chances. Tenho quase certeza que ninguém levou esta competição mais a sério do que o Brasil. Foram feitos esforços diplomáticos para poder contar com jogadores que atuavam fora do País, entre os quais o fora de série Neymar, o homem que iria fazer a diferença em campo – e acabou fazendo, pelo menos nos jogos mais importantes e decisivos.
Numa final cheia de simbolismos, encontramos a velha Alemanha dos 7x1. Tudo bem, não eram os melhores alemães disponíveis, mas pelo menos era um time alemão. E conseguimos a tão sonhada vingança – tudo bem, foi nos pênaltis, mas vitória é vitória. Só que, se pensarmos no jogo em si, o time alemão não foi, em nenhum momento, inferior ao nosso. Certamente o Brasil pressionou mais, mas nunca foi soberano absoluto da partida, e esbarrou sempre na obstinação de um time claramente inferior, do ponto de vista técnico, mas organizado e consciente para atacar e defender. E que, cá prá nós, poderia perfeitamente ter ganho.
E é neste ponto que eu volto a pensar sobre o projeto e o modelo alemão. Acho que já escrevi algum dia sobre isto, mas vale repetir; o investimento pesado que o governo alemão vem fazendo há uns quinze anos no futebol não tem como objetivo principal apenas o sucesso nas competições esportivas; a ideia é integração racial e social. Num país marcado por problemas de xenofobia, eles entenderam que, se colocassem a meninada para jogar bola desde a infância, eles entenderiam a linguagem sagrada do futebol, onde não existem brancos, pretos, amarelos ou verdes. Deu certo, e hoje os ídolos destas crianças podem ser negros como Boateng, turcos como Ozil, poloneses como Klose, ou mesmo arianos legítimos como Neuer. Tudo junto e misturado, como sempre tem que ser. E, de quebra, ganharam um padrão de jogo que se estende desde as categorias de base até a seleção principal e, melhor ainda, inclui o futebol feminino – não por coincidência, as alemãs ganharam a medalha de ouro na modalidade. Ou seja, no fim das contas, o desempenho deles foi melhor que o nosso, fizeram as duas finais. Aliás, a Alemanha sempre está chegando nas finais em todo o torneio que disputa.
Neste ponto, é bom ressaltar que o sucesso do projeto também passa pelo comportamento inteligente do torcedor alemão; eles entendem que ser segundo ou terceiro não é vergonha, ao contrário dos nossos “craques de sofá”, que nunca jogaram nada na vida mas acham que, quando o Brasil não é campeão, o time é uma merda e tem que mudar tudo. Infelizmente estas pragas não ficam apenas no futebol; o que Bernardinho e o time de vôlei masculino, que acumularam vices nos últimos tempos, foram bombardeados por estes xiitas foi uma coisa doentia, capaz de tirar a paciência de um São Francisco de Assis. Felizmente ganharam agora, e calaram a boca desta turma, pelo menos por enquanto.
Resumindo, sempre procuro pensar em como será o Brasil no dia em que a gente juntar, ao nosso talento natural, a capacidade de planejar e executar um projeto que os alemães têm. Talvez seja um sonho, mas sonhar não custa nada...
Até a próxima.

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