terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Cássio, o Corinthians, o Grêmio e as análises de riscos

As conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes pelo Corinthians fizeram de 2012 um ano especial para os malucos por futebol, como é o caso deste escriba. Esclareço, desde logo, que, embora todas as tormentas que frequentam o coração dos fanáticos, eu fiz a escolha pelo “bando de loucos” desde a eliminação do Vasco (para decepção do meu filho); senti que aquele time ia até o fim. E um dos fatores que me fez decidir torcer pelo Corinthians foi um personagem com uma história digna de um filme; o goleiro Cássio.

Cássio foi uma surpresa para boa parte dos torcedores brasileiros, mas os gremistas, como é o meu caso, já o conheciam de longa data. Cássio surgiu nas categorias de base do Grêmio lá por 2003, descoberto por acaso num amistoso dos juniores contra um time de Veranópolis, enfim, aquela típica história do menino pobre que de repente tem uma oportunidade de ouro pela frente. Ele logo se destacou, e foi titular de várias seleções brasileiras de sub-qualquer coisa. Profissionalizado em 2006, não chegou a se firmar como titular do time, mas seu potencial era tão grande que chamou a atenção de empresários europeus e, no final de 2007, o Grêmio ficou diante de uma típica situação de análise de riscos; recebeu uma boa proposta pelo jovem craque, à época com 20 anos.

Cheguei a usar este exemplo em sala de aula; um clube tem um ativo interessante, um jogador jovem, com um potencial enorme, que algum dia poderá valer muitos milhões; só que é preciso levar em conta todos os riscos da profissão (todo o torcedor conhece dezenas de histórias de jogadores que eram considerados gênios nas categorias de base e nunca se firmaram no profissional). De repente, surge uma oferta boa. Vender hoje, ou investir nele? Dá até para calcular o VPL disto tudo. Em tempo; antes que algum chato politicamente correto venha me dizer que estou tratando o jogador como mercadoria, eu aproveito e digo; gafanhoto, meu filho, o mundo real é assim. Não só jogadores de futebol; todos nós somos “commodities”, e temos nosso valor de mercado. Se você não sabia disto, só posso lamentar. Welcome to the jungle, my son. E, por favor, me deixe continuar contando o “causo”.

O fato é que o Grêmio escolheu vender, e ele ficou alguns anos no ostracismo em um time holandês. Confesso que eu nem sabia que ele tinha voltado para o Brasil, e estava como terceiro goleiro do Corinthians. Só que, quando eu soube que ele assumiria o posto de titular no perigoso jogo com o Emelec, comecei a apostar minhas fichas no Corinthians (é pena que não tenha testemunhas; só comentei com meu filho e alguns amigos). O resto é história. Belíssima história, por sinal.

O causo podia fechar por aqui; quanto vale o Cássio hoje? Quanto o Grêmio perdeu na decisão que tomou? Quanto o Corinthians ganhou? E se ele tivesse ficado no Grêmio, como seria a história? Enfim, dá para fazer várias análises. E, só para apimentar um pouco a discussão, o Grêmio agora resolveu investir num goleiro (Dida) que tem inegáveis qualidades, uma história de respeito, mas está com quase quarenta anos... Enfim, são estes “causos” que me fazem um fanático por futebol. E por análise de riscos, é claro.

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