domingo, 20 de janeiro de 2019

Barcelona, Grêmio e Arthur; uma pequena aula prática sobre riscos e oportunidades

Quem já teve aula comigo sabe que gosto muito de usar exemplos práticos, e que o futebol é minha grande paixão, mais especificamente o futebol do Grêmio, da minha Porto Alegre.
Juntando riscos e futebol, podemos dizer que um bom exemplo prático sobre transações de alto risco são os investimentos milionários que os ricos clubes europeus fazem para adquirir os direitos de jovens jogadores de várias partes do mundo. Afinal, as fortunas pagas pelos clubes por jogadores muitas vezes ainda adolescentes frequentemente apresentam retorno zero. Os motivos são variados; lesões, deslumbramento do jovem com a súbita riqueza, avaliação precipitada (o cara não era tão bom assim), entre outras coisas.
Já escrevi algo sobre o assunto em meu blog há alguns anos, quando o goleiro Cássio surgiu como ídolo no Corinthians (ver http://causosdoherve.blogspot.com/2012/12/cassio-o-corinthians-o-gremio-e-as.html).
Neste cenário, a negociação entre o Grêmio e o Barcelona pelo jovem e promissor meio campista Arthur apresentou uma visão diferente da habitual e bem interessante.
Resumindo a história, Grêmio e Barcelona fecharam o negócio por 32 milhões de euros, um valor já bastante significativo, mas, em função das boas probabilidades de valorização do craque, estabeleceram algumas “cláusulas de produtividade” que podem levar este valor para até 40 milhões.
A coisa funciona assim; se Arthur se revelasse apenas um blefe, ou seja, jogador de uma temporada só, como muitos outros, o Barça ficaria com o “mico” e o Grêmio com seus 32 milhões de euros, como acontece em várias destas negociações. Este é o risco do negócio. Tudo normal.
Só que Arthur está mostrando que suas perspectivas realmente são grandiosas. E, ao contrário do que acontece nos negócios convencionais, não é apenas o Barça que está esfregando as mãos com isto; o Grêmio também está cada vez mais feliz.
Duas das metas já foram atingidas (e devidamente pagas); mais de dez jogos como titular e conquista de um título (a Recopa da Espanha). Também contam pontos a condição de titular da seleção brasileira, possíveis novos títulos pelo Barcelona (que no momento, disputa o espanhol, a Copa do Rey e a Champions League), e até uma possível indicação futura para o prêmio de melhor jogador da Europa e/ou do Mundo. Caso sejam cumpridas, o Grêmio pode ganhar até 8 milhões de euros acima do valor original. Um dinheirinho nada desprezível, é claro.
Tecnicamente isto é conhecido como “contrato de preço fixo com incentivos por desempenho”, ou algo parecido. Também pode ser utilizado como um bom exemplo de “negociação ganha-ganha”; quanto mais Arthur crescer, mais Barcelona e Grêmio (além do próprio Arthur, é claro), ficarão felizes.
Enfim, é um exemplo prático interessante para usar em aula. Riscos mitigados e oportunidade compartilhada.
Até a próxima!

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