terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Ser canalha no futebol é normal?

Da longa série “no fundo, somos todos canalhas”;
O campeonato brasileiro de futebol chega à sua última rodada, e nos apresenta uma situação que não é inédita, mas faz pensar. O Vasco, presidido pelo neandertal Eurico Miranda, depende do resultado do jogo do Fluminense para não cair. E justamente pelo comportamento troglodita do citado diretor, vejo vários amigos tricolores cogitando a “entrega” do jogo para o Figueirense, o que seria a pá de cal para as pretensões do Vasco de permanecer na série A.
Veja bem, ninguém está falando que o time, por já não disputar nada, vai jogar desmotivado e, provavelmente, desfalcado; o papo é “entregar o jogo”. E depois curtir, feliz, com a desgraça dos cruzmaltinos.
Esta proposta ajuda muito a entender os valores e crenças brasileiros e, por tabela, explicar o nosso alto índice de corrupção e falcatruas. Afinal, se analisarmos sob o ponto de vista de negócio, é muito melhor para os tricolores ter o Vasco na série A do que o Figueirense; são dois clássicos garantidos em 2016, e uma viagem a menos, é só fazer as contas. O próprio futebol do Rio se fortalece, na hora de reivindicar alguma coisa, se todos os seus times estiverem na divisão de elite. Além disto, este tipo de atitude acaba por desvalorizar o futebol como um todo; quem quer assistir a um jogo de cartas marcadas?
Mas o mais importante é o aspecto ético e moral. Afinal, se o torcedor do Fluminense considera que entregar um jogo é coisa normal, então não pode reclamar das safadezas e falcatruas de políticos e empresários. E o mesmo se aplica a torcedores de outros clubes (inclusive o meu Grêmio, que fez coisa parecida no jogo com o Flamengo em 2009). Resumindo; se a gente apoia este tipo de sacanagem, então não temos moral para sair na rua reclamando de corrupção e desvio de verbas.
Enfim, ainda temos um longo caminho a percorrer no campo da ética e da disciplina. E não adianta rotular os políticos como “canalhas”; eles são apenas o reflexo de nós todos, a sociedade dos pequenos canalhas otários. A mudança cultural é possível, mas tem que começar dentro de cada um. E enquanto nós brasileiros escolhemos continuar com estas atitudes pequenas, do outro lado do Oceano alguém grita; Gooool da Alemanha!

2 comentários:

  1. Se pensar que o futebol é apenas uma brincadeira, então esta aritude não passa de uma simples zoação, apenas pra rir do adversário. ... Opa! Espera! Alguém acha que o futebol é apenas uma brincadeira?

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    1. Uma brincadeira que rende bilhões de dólares no mundo inteiro... Mas que no Brasil dá prejuízo. Este tipo de atitude ajuda a explicar este paradoxo. Abração, Duboc!

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