domingo, 18 de janeiro de 2015

JE TAMBÉM SUIS CHARLIE, PÔ!

Todas as vezes que o assunto “até onde alguém tem o direito de ir em defesa daquilo que ele considera sagrado” entra em discussão, lembro três causos interessantes, que relato a seguir.
O primeiro envolve a figura de Chico Xavier, o famoso médium mineiro (eu sei que a simples menção à palavra “médium” causa crises histéricas em alguns espiritofóbicos, mas não me importo. A vida e a obra do nosso bom Chico demonstram que ele sempre foi um cara da paz, que jamais cogitaria usar um fuzil para defender suas ideias. E esta historinha ajuda a provar isto). Pois bem, dizem que uma vez ele foi procurado por uma senhora que pediu uma força para converter o marido à doutrina espírita. A frase dela foi; “meu marido só tem um defeito; não é espírita”. Chico, que era rápido de raciocínio e muito bem humorado, emendou de primeira; “então a senhora está de parabéns, casou com o homem perfeito. Porque não ser espírita não é um defeito; é uma escolha”. Simples assim; Chico tinha todos os motivos do mundo para acreditar no espiritismo, do qual foi e é um dos maiores divulgadores, mas jamais promoveria uma guerra santa pela conversão dos infiéis. Cada um escolhe o que quer. E Deus abençoa a todos.
Outra visão interessante sobre o assunto é a de Daniel Goleman, em seu famoso livro “Inteligência Emocional”. Não lembro exatamente das palavras, mas ele diz algo do tipo; pessoas que acreditam em alguma religião são, normalmente, melhores para trabalhar em equipe, uma vez que tendem a aceitar com mais resignação os problemas que acontecem ao longo da vida profissional (tipo; demissão, cancelamento de bônus, ser preterido em uma promoção, etc...). Mas ele mesmo alerta para o fato de que existe uma diferença entre uma pessoa religiosa e um fanático religioso; estes últimos são perigosos até no ambiente de trabalho.
Finalmente, temos o grande estadista inglês Winston Churchill, um dos maiores frasistas da história universal, que definia um fanático como “uma pessoa que não consegue mudar de ideia, nem de assunto”.
Resumindo; ter uma religião, acreditar em um Deus e em um código de ética, pode ser uma coisa muito positiva para um ser humano. O grande problema começa quando alguém se dá o direito de impor aos outros a sua religião e o seu código de ética. E divide o mundo entre os “meus” e os “do demônio”. A partir daí a coisa sai totalmente do controle. E posso dizer, sem medo de errar, que 99,9% do sangue que foi derramado estupidamente ao longo da história universal teve origem em discussões deste tipo.
Até a próxima!

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