quarta-feira, 13 de julho de 2011

O famoso gol de Ghiggia teve uma prévia... e ninguém viu!

Em época de Copa América, final de Libertadores entre Santos e Penharol e várias outras evocações do passado, tenho certeza que alguém vai falar, mais cedo ou mais tarde, em Maracanazo. E ainda mais que a data fatídica (16 de julho) está se aproximando. Para quem não sabe, Maracanazo foi como ficou conhecida a mais terrível tragédia da história do nosso futebol; a derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950, disputada no Brasil.
Estou prestes a completar 60 anos, e tenho verdadeira fascinação pelo futebol dos anos 50 e 60, minha infância e adolescência. E agora com a ferramenta maravilhosa do “Youtube” e outras, fico às vezes um bom tempo na Internet caçando jogos dos timaços do Santos, Real Madrid, Penharol e outros desta época maravilhosa.
Um dia destes, nesta busca, procurei achar jogos da Copa de 50, e fiz uma descoberta que, para os fanáticos por futebol como é o meu caso, é bem interessante; no jogo Uruguai 2x2 Espanha, pela fase final do torneio, o ponta uruguaio Ghiggia fez um gol igual ao que nos derrotou na final. Esclarecendo mais uma vez para os que não têm a cultura futebolística muito aprofundada, o Brasil perdeu a final por 2x1, e o gol da vitória do Uruguai foi marcado por Ghiggia chutando quase sem ângulo, entre a trave e o goleiro, após penetrar na área em diagonal. O goleiro brasileiro Barbosa foi quase crucificado pela sua suposta falha no lance, e esta maldição o perseguiu até morrer pobre e doente no final dos anos 90. Observem o vídeo (não sei se o link funciona, sou muito ruim de informática, mas procurem no Youtube que vocês acham rapidinho). O detalhe engraçado é que a narração é em inglês.
http://www.youtube.com/watch?v=pSl-QOffEVc
A conclusão a que cheguei é bem simples; se algum integrante da comissão técnica brasileira se desse ao trabalho de assistir ao jogo do Uruguai, teria alertado o nosso goleiro sobre este tipo de jogada (que era característica do Ghiggia, pelo jeito). E talvez a história fosse diferente...
Detalhe importante; ninguém chamou o goleiro espanhol Ramallets (que era excelente, por sinal) de frangueiro por causa deste gol. Já o nosso pobre Barbosa, que, diga-se, fechou o gol durante toda a Copa e foi titular durante mais de dez anos do Vasco da Gama, em um time tão bom que chegou a ser chamado “Expresso da Vitória”, acabou ficando marcado por toda a eternidade por uma falha que não cometeu...
Usando isto como um “case” (acho que isto está virando uma obsessão para mim), mais uma vez temos aqui dois aspectos muito tristes da cultura brasileira e que, diga-se, não mudaram nem um pouquinho de 1950 para cá; primeiro, o desprezo por qualquer tipo de planejamento (ninguém se preocupou em observar os uruguaios, nossos adversários na final). Em segundo lugar, a mania de, depois do leite derramado, ficar caçando culpados ao invés de tentar aprender a lição.
Mas um dia a gente se conserta...

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