Sábado, 18/04, 15 horas. Estou fazendo uma palestra para mais de setenta pessoas, sentado na sala da casa do meu genro, em Niterói, usando bermuda e chinelos. A cinco metros de mim, meu neto Caetano, de dois meses, no colo da vovó, observa admirado o vovô falando sozinho.
Sim, são os tempos de “isolamento social”, que um dia talvez eu consiga explicar para ele. Grandes crises, grandes oportunidades, grandes mudanças.
O melhor efeito da pandemia foi mostrar que uma nova maneira de trabalho é possível; a tecnologia já existia há algum tempo, faltava um empurrão. E a melhor notícia de todas foi que esta nova maneira de trabalho pode diminuir significativamente a emissão de gases do efeito estufa. E esta é uma oportunidade que não pode ser perdida.
Resumindo, o home office se firma como a nova realidade do planeta. É claro que alguns ajustes serão necessários, mas o fato é que nada será como antes. E, como em toda a crise, quem souber se adaptar mais rápido vai levar vantagem.
O ponto mais importante é que não teremos mais o “portal” entre trabalho e casa. Para quem não entendeu, isto vai exigir uma verdadeira revolução comportamental. Você não vai mais ao trabalho; o trabalho veio até você, portanto é preciso estar pronto para ele. A família agora está ao seu lado nas suas reuniões, portanto serão necessárias negociações com filhos e cônjuges, uma vez que o espaço de moradia e de trabalho serão os mesmos. A oportunidade de almoçar a comidinha de casa é bem interessante, mas dá trabalho. O tempo que se perdia no trânsito pode ser usado para tarefas domésticas, mas a divisão terá que ser muito bem estudada. Arrisco a previsão que o nicho de trabalhadores para o lar será bem aquecido. Talvez as famílias também procurem casas maiores.
O certo é que não haverá mais espaço para aquelas pessoas que mudavam de personalidade quando cruzavam o portal; escroto em casa, arrumadinho no trabalho. A frase “você pensa que está em casa?”, que ouvi tantas vezes quando alguém falava ou fazia alguma coisa desagradável no ambiente de trabalho, não faz mais sentido; o cara vai estar em casa, mesmo.
Enfim, há muito que pensar neste tema. Prometo um segundo (e talvez um terceiro) artigo.
Citando o poeta Lulu Santos, eu vejo um novo começo de era...
meu amigo Hervé, procuro sempre ler os seus "causos". São sempre interessantes. Neste, ficou "faltando algo". Mas, como você mesmo disse, foi o primeiro. Vc lançou a idéia, ou seja, fez o preâmbulo, agora vem o desenvolvimento e em seguida a conclusão. Estou aguardando. Um abração.
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